domingo, 16 de setembro de 2012

PROPOSTAS DE ATIVIDADES COM O MINICONTO - Parte 3


05. Como uma atividade de produção textual[1], trazemos para ilustrar o conto Passeio Noturno, de Rubem Fonseca. Depois de lê-lo atentamente, escrevam um miniconto relacionado a leitura realizada.

PASSEIO NOTURNO — PARTE I - Rubem Fonseca

            Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa da cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala? Perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.
            Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde eu gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisa sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não para de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e  ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
            A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer.
Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.
             Vamos dar uma volta de carro? Convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
            Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu carro. Tirei o carro dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Sai, como sempre,  sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas.
            Na avenida Brasil, ali não  podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher  fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei, Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meiofio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto.
            Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em onze segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa do subúrbio.
            Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos
pára-lamas, os pára-choques sem marca.  Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.
            A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?
Perguntou minha mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa-noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia.

06. Vamos trabalhar com nossa criatividade e percepção? Pois sim. Então, peço-lhes que fotografem momentos da vida cotidiana e depois de tratar a imagem ou não (fica a seu critério passar a imagem em um programa digital de efeitos), você postará sua foto e solicitará a um colega que escreva um miniconto baseado na nela e em seguida, você também fará um miniconto a partir da mesma imagem. Vamos nessa? Criatividade é a palavra de ordem!

07. Existem várias formas de produzirmos um textos, em vários gêneros. Solicito que observem o conteúdos dos links: <http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=aDgHP8lIzdA>, <http://www.youtube.com/watch?v=NKOfY7qFLK8>.
A partir das imagens selecionadas, redijam um miniconto e usando um programa de animação gráfica, deixe seu miniconto aminado e depois, publique-o no blog.

08. A partir das imagens escolhidas, gostaria de sentir qual o efeito que produziram em cada qual. Para conhecer-lhes o sentido dado, solicito que redijam um miniconto a partir delas, postando-os no blog.








Para finalizar nosso trabalho com o gênero textual miniconto, proponho que vocês, caros estudantes, produzam uma Apresentação dos Minicontos, convidando toda a comunidade escolar, por meio de cartazes e convites impressos e digitais para a divulgação dos trabalhos. No dia do evento, após a exibição das produções e dos minicontos animados, vocês podem se reunir para discutir suas experiências com o gênero.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES COM O MINICONTO - Parte 2



03. Caro estudante! É claro que vocês já perceberam que um texto evoca em nós muitas imagens e uma imagem inspira muitas palavras, frases, histórias. Vamos fazer uma atividade que podemos denominar de: Um texto pinta e uma imagem conta. Observando as imagens abaixo, crie um miniconto para cada uma delas. Vamos, arrisque-se. Você sabe, você pode!






04. Depois que você escreveu seu miniconto a partir das imagens acima, tente agora encontrar imagens para os minicontos abaixo:

Extrema-unção

-Pequei padre. Nós pecamos.
-Vá em paz. E fale mais baixo, filho.
Laís Chaffe, In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.


Boas Maneiras

No meio da noite, o menino entra no quarto dos pais e pede água.
- É assim que se faz? Saia, bata na porta e diga as palavrinhas mágicas:
Com sono e sede, mas obediente. Toc-toc.
A mãe:
- Sim?
Ele, depois de hesitar por segundos:
- Abracadabra.
Laís Chaffe, In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.


Sentiu um arrepio na pele e os pelos dos braços a levantarem-se como réus numa sala de tribunal.Estavam ambos à entrada do laboratório onde iam ter aulas. Ele não sabia se era física ou química, mas o que sentiu por ela nunca mais o deixou dormir tranquilo. Disponível em: <http://www.facebook.com/photo.php?fbid=398503323538320&set=a.142821672439821.31607.133691206686201&type=3&theater> acesso em: 12/09/2012 

PROPOSTAS DE ATIVIDADES COM O MINICONTO - Parte 1


OBJETIVOS

Caros estudantes! Nossas produções textuais terão dois objetivos principais: levá-los a escrever e melhor e mostrar a nossa comunidade escolar, local e nacional as produções de todos e publicação das produções escritas por meio de postagens, por cada qual, no blog da nossa turma.
Para tanto, devemos observar a questão dos direitos autorais, ou seja, somente publique textos seus e tenha cuidado em fotografar suas imagens ou apontar-lhe as fontes.
Antes das postagens nossos textos serão corrigidos em conjunto ou pela professora, ok?
Vamos a algumas atividades...

01. Sendo o miniconto um gênero pouco conhecido em suas peculiaridades, estamos propondo alguns jogos para descobrirmos este gênero em suas riquezas e diversidades:
Vamos conhecer alguns minicontos?

ASSIM:
Ele me jurou amor eterno.
E me encheu de filhos.
E sumiu por ai.
Luiz Ruffato, In: FREIRE, Marcelino. Os cem Menores Contos Brasileiros do Século. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.


TERRORES NOTURNOS
Abriu os olhos, pulou da cama,
correu até a porta: trancada.
Paloma Vidal, In: FREIRE, Marcelino. Os cem Menores Contos Brasileiros do Século. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.


CRIAÇÃO
No sétimo dia, Deus descansou.
Quando acordou, já era tarde.
Tatiana Blum, In: FREIRE, Marcelino. Os cem Menores Contos Brasileiros do Século. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.
Maria Helena é virgem desde que o pai saiu de casa.
Marcelo Spalding, In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.


Maria Tereza frequenta a casa, mas não está nas fotografias.
Conhece a cama, mas não ignora a aliança.
Espalha o vírus, mas não deixa vestígios.
Marcelo Spalding, , In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.


O menino, olhando uma foto na parede, pergunta ao pai:
-Pai, por que a mamãe foi pro céu?
Enquanto apertava forte a mão do menino, ele respondeu:
-Pra não deixar teu irmãozinho sozinho lá, filho.
Marcelo Spalding, , In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.


No dia em que Paulo se foi, o coração de João voltou a bater forte, a filha Maria livrou-se da hemodiálise, a avó de Pedro viu a neta pela primeira vez, a espera de Mateus terminou.
Com sorrisos e abraços, as quatro famílias secaram as lágrimas da perda de Paulo.
Marcelo Spalding, In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa Verde, 2009.

02. Caro estudante, confio em seu potencial criativo e desbravador. Sei que você deseja conhecer mais sobre o gênero textual miniconto, então vamos navegar ainda mais verificando as diferentes formas nas quais o miniconto se apresenta, para tanto, selecionamos alguns sites para vocês navegarem: <http://www.oinstituto.org.br/enter/>, <http://miniminimos.blogspot.com.br/>, <http://minicontos.blogspot.com.br/>, <http://twitter.com/minicontos>, <http://www.facebook.com/microcontos>.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Caminhava na ânsia de encontrar uma sombra que o salvasse daquele canícula infernal. Ao ver um frondoso sobreiro, correu para ele como uma criança corre para os braços da mãe. O ramalhar das pernadas acalmou-o. Mal se deitou no chão, deixou-se logo dormir. Quando despertou, não sabia que horas eram, nem onde estava. Não se importou nada. Desde o dia em que perdeu o relógio e o mapa, era como se tivesse parado e a Terra fosse novamente redonda.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

"Sempre sonhou ter carros, casas, mulheres e dinheiro em abundância. Agora que os anos passaram e tem tudo com que sempre sonhou, busca incessantemente aquilo que mais lhe falta e o dinheiro não pode comprar" (Micro Contos)

Acesso em: 25 de julho de 2012.


Paulino (apud SPALDING, 2008, p. 15) define o miniconto como “um tipo de narrativa que tenta economia máxima de recursos para obter também o máximo de expressividade, o que resulta num impacto instantâneo sobre o leitor”. Apesar de a economia de palavras e letras ser a marca definitiva dessa estética, ainda assim esses textos operam como “bombas nucleares” que explodem após o ato de leitura (SPALDING, 2008, p. 5).  

terça-feira, 19 de junho de 2012

SEJAM BEM VINDOS A ESTE BLOG!


Este blog emprega a tecnologia em rede, de modo que seja um veículo para a seleção minicontos e incentivo a leitura, para estudantes do ensino médio. Gostaria de contar com sua participação lendo as postagens e comentando-as. Recomende o blog aos seus colegas.