05. Como uma atividade de produção
textual[1],
trazemos para ilustrar o conto Passeio Noturno, de Rubem Fonseca. Depois de
lê-lo atentamente, escrevam um miniconto relacionado a leitura realizada.
PASSEIO NOTURNO
— PARTE I - Rubem Fonseca
Cheguei
em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas,
propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de
uísque na mesa da cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está
com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando
impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala? Perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho,
você precisa aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde eu gostava de
ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisa sobre a
mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não para de
trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher
na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido,
eu e minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou
a língua com prazer.
Meu filho me pediu dinheiro
quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor.
Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.
Vamos dar uma
volta de carro? Convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei
que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro
custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos
bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem,
impedindo que eu tirasse o meu carro. Tirei o carro dos dois, botei na rua,
tirei o meu, botei na rua coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei
a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os
pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado,
senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um
motor poderoso que gerava sua força em silêncio, escondido no capô
aerodinâmico. Sai, como sempre, sem
saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais
gente do que moscas.
Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua
mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher?
Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era
maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil.
Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas
de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia
árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir
uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei, Ela só
percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus
batendo no meiofio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas
pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do
impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei
como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de
volta para o asfalto.
Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em onze
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido
parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa do
subúrbio.
Examinei
o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos
pára-lamas, os pára-choques
sem marca. Poucas pessoas, no mundo
inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha,
agora está mais calmo?
Perguntou minha mulher,
deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa-noite para todos,
respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
06. Vamos trabalhar com nossa
criatividade e percepção? Pois sim. Então, peço-lhes que fotografem momentos da
vida cotidiana e depois de tratar a imagem ou não (fica a seu critério passar a
imagem em um programa digital de efeitos), você postará sua foto e solicitará a
um colega que escreva um miniconto baseado na nela e em seguida, você também
fará um miniconto a partir da mesma imagem. Vamos nessa? Criatividade é a
palavra de ordem!
07. Existem várias formas de produzirmos
um textos, em vários gêneros. Solicito que observem o conteúdos dos links: <http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=aDgHP8lIzdA>,
<http://www.youtube.com/watch?v=NKOfY7qFLK8>.
A partir das imagens selecionadas, redijam
um miniconto e usando um programa de animação gráfica, deixe seu miniconto
aminado e depois, publique-o no blog.
08. A partir das imagens escolhidas,
gostaria de sentir qual o efeito que produziram em cada qual. Para
conhecer-lhes o sentido dado, solicito que redijam um miniconto a partir delas,
postando-os no blog.
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/fernando-gabeira/2011/05/29/desmatamento-em-novo-ritmo-na-amazonia/
Para finalizar nosso trabalho com o
gênero textual miniconto, proponho que vocês, caros estudantes, produzam uma Apresentação
dos Minicontos, convidando toda a comunidade escolar, por meio de cartazes e
convites impressos e digitais para a divulgação dos trabalhos. No dia do
evento, após a exibição das produções e dos minicontos animados, vocês podem se
reunir para discutir suas experiências com o gênero.
[1] Atividade inspirada no blog: <http://terceiraominicontando.wordpress.com/2012/05/21/minicontos-inspirados-no-conto-insonia-de-adriana-falcao/>